O Brasil já conhece seus primeiros três adversários na Copa do Mundo de 2026: Marrocos, Haiti e Escócia. Longe de ser um “grupo da morte”, a chave da Seleção Brasileira apresenta, entretanto, desafios táticos e emocionais que exigirão atenção de Carlo Ancelotti e seus comandados. O Sofascore News analisa abaixo cada um dos três primeiros rivais do Brasil na busca pelo sonhado hexacampeonato mundial.
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Marrocos: uma nova potência
O Marrocos, comandado por Walid Regragui, chega a 2026 não mais como surpresa, mas como uma realidade de elite, ocupando atualmente a 11ª colocação no ranking da Fifa.
Uma posição que se deve a histórica campanha na Copa de 2022, quando os marroquinos se tornaram a primeira seleção africana a alcançar as semifinais de um Mundial, terminando em um honroso quarto lugar.
A espinha dorsal daquela equipe não só se manteve, como evoluiu nos principais clubes da Europa. O lateral Achraf Hakimi (PSG) segue como o craque da equipe, mas ele não está sozinho.
A seleção conta com a solidez do goleiro Bono (Al-Hilal, ex-Sevilla), um dos melhores do mundo em sua posição, e a criatividade de Brahim Díaz (Real Madrid), que optou por defender o país de seus ancestrais e elevou o nível técnico do meio-campo. Outro nome de peso é Noussair Mazraoui (Manchester United), que oferece versatilidade tática pelas alas.

A base marroquina vem forte
O perigo marroquino não reside apenas no presente. Recentemente, a seleção Sub-20 do Marrocos sagrou-se campeã mundial da categoria há pouco tempo (2025), um feito que injetou sangue novo e mentalidade vencedora no elenco principal.
Nas Eliminatórias Africanas, o Marrocos sobrou. Foi líder incontestável de seu grupo, confirmando que a hegemonia no continente agora tem dono.
“É um honra jogar contra o Brasil. Um sonho. É uma seleção que é um exemplo para nossos jogadores. Sabemos que será um partida difícil. Eles têm um grande técnico e ótimos jogadores. Será um grande duelo. Não vai ser fácil”, disse Walid Regragui, em entrevista à emissora SporTV
Ao todo, Brasil enfrentou Marrocos três vezes, com duas vitórias e uma derrota, justamente no último encontro, em 2023 (2 a 1 para os africanos).
Haiti: milagre em meio ao caos
A história mais emocionante deste grupo pertence ao Haiti. A classificação dos haitianos para a Copa de 2026 é um triunfo do espírito humano sobre a adversidade. O país, mergulhado em uma profunda crise política e uma guerra civil que assola a capital Porto Príncipe, viu no futebol sua única fonte de alegria.
A realidade da equipe, 84ª no ranking da Fifa, é dramática. Devido à violência no país, Migné não vive no Haiti e a seleção não pôde mandar seus jogos em casa.
E um detalhe: durante toda a eliminatória da Concacaf, o Haiti atuou como mandante em Curaçao e na República Dominicana.

Além disso, a convocação é composta quase inteiramente por jogadores que atuam fora do país (na MLS, ligas menores da Europa e Caribe), blindando o elenco do caos diário da ilha
A campanha nas eliminatórias foi histórica: o Haiti liderou seu grupo à frente de seleções tradicionais como Costa Rica e Honduras. Com isso, garantiu a vaga para a Copa do Mundo de 2026, a segunda da sua história, após a de 1974.
Inimigo “íntimo” e o Jogo do Paz no Haiti
Curiosamente, o perigo tático do Haiti tem uma conexão direta com a última derrota do Brasil em fases de grupo. O técnico da seleção haitiana é o francês Sébastien Migné. Em 2022, Migné era auxiliar técnico de Rigobert Song na seleção de Camarões: exatamente a equipe que venceu o time reserva do Brasil.
O confronto terá um tom nostálgico. Em 2004, o Brasil protagonizou o histórico “Jogo da Paz” em Porto Príncipe, com Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho desfilando em tanques da ONU em meio a uma multidão apaixonada.
Além desse amistoso, Brasil e Haiti se enfrentaram outras duas vezes, com outras duas vitórias canarinhos. Ao todo, a seleção verde e amarela fez 17 gols contra a equipe da América Central na história.
Escócia: uma velha conhecida
Pela quinta vez na história, o Brasil encontrará a Escócia em uma fase de grupos de Copa do Mundo. Inclusive, na última participação dos escoceses no torneio.
Embora a Seleção nunca tenha perdido para a Escócia em Copas, o “Exército de Tartan” (como é conhecida sua torcida) promete dificultar a vida brasileira com um estilo de jogo físico e direto.
Além dos quatro jogos em mundiais, as duas seleções se enfrentaram outras seis vezes, com quatro triunfos canarinhos e dois empates.

Uma seleção escocesa bem diferente de 98
Atual 36ª colocada no ranking da Fifa, a Escócia chega calejada por uma classificação sólida nas Eliminatórias da UEFA. O time não possui o refino técnico do Brasil, mas compensa com intensidade.
O capitão Andy Robertson (Liverpool) é a referência técnica e de liderança. No meio-campo, Scott McTominay, ex-Manchester United, vive fase artilheira pela seleção e é um dos grandes nomes do Napoli.

Diferente do time de 1998, que contava com o talento solitário de John Collins, a Escócia de 2026 é um coletivo operário e com muitos jogadores que atuam na Premier League.
Os escoceses sabem que não terão a posse de bola contra o Brasil e apostarão tudo em contra-ataques e no jogo aéreo, testando a estatura e a concentração da zaga canarinho.
A classificação da Escócia para o Mundial veio na última rodada das eliminatórias europeias da UEFA. A equipe do técnico Steve Clarke derrotou a forte Dinamarca com gol decisivo nos acréscimos.
Um grupo que requer atenção
Muitas vezes, “grupo fácil” é sinônimo de relaxamento. Mas o Grupo C de 2026 está longe disso. Tem armadilhas, tem surpresas, tem talento, tem motivação. Para vencer este grupo e avançar com tranquilidade, a seleção brasileira terá que jogar com inteligência, respeito e concentração máxima.
Marrocos tem jogadores em clubes grandes da Europa e profundidade de elenco. O Haiti representa a luta, a superação, a vontade de mostrar ao mundo sua história. A Escócia representa a tradição europeia, com estrutura, história e necessidade de reafirmar seu lugar no futebol mundial.
Se a seleção brasileira entrar pensando que “já está classificada”, pode ser um tiro no pé. Se entrar com humildade, respeito e vontade, tem tudo para passar de fase.

Para além dos jogos, esse grupo também demonstra a diversidade do futebol mundial: diferentes continentes, histórias, realidades. Todos por um sonho. No caso do Brasil, o sonho pelo hexa!
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