Sofascore: Caro Sr. Costacurta, permita-me começar dizendo — é um privilégio, na verdade, uma honra, estar sentado aqui na sua frente.
Costacurta: Obrigado, obrigado.
Sofascore: E claro, seja bem-vindo ao novo episódio da série do YouTube da Sofascore, chamada A Guest and a Half — 45 minutos de conversa fiada, nomes grandes e acréscimos.
Costacurta: Obrigado.
Uma Vida Além do Futebol: Família, Sky Italia e Lesões no Padel
Sofascore: Como uma verdadeira lenda do futebol, um dos defensores amplamente reconhecidos como um dos melhores da história do esporte, me permita começar perguntando — como você está, de forma geral, e o que tem feito ultimamente?
Costacurta: Eu sou pai. Estou falando sobre futebol na Sky Sport Italia. Estou jogando padel, mas agora estou lesionado. Não estou conseguindo controlar minha situação. Então preciso fazer reabilitação… cirurgia no joelho.
Sofascore: Em nível de clubes, você venceu tudo. Vinte e três troféus importantes, incluindo cinco títulos da Champions League, ou como era chamada antes, a Copa dos Campeões da Europa, e muitos Scudetti. Agora, ao olhar para sua carreira — já se passaram 17 ou 18 anos desde que se despediu do futebol — como você avaliaria sua trajetória?
Costacurta: Eu tive sorte. Tenho sorte. Tive muitos companheiros de time incríveis — 14 deles ganharam a Bola de Ouro. Outros dez estiveram perto de vencer. Muitos treinadores extraordinários, muita diversão, grandes estádios. Eu tive sorte. Ainda tenho, porque tenho uma esposa maravilhosa, um filho incrível. Sim, sou um homem de muita sorte.
De Companheiros Vencedores da Bola de Ouro a Derrotas que Marcaram a Carreira
Sofascore: Mas eu suponho que, entre tantas conquistas, celebrações e fama, também houveram momentos difíceis, certo? Derrotas pesadas, lesões…
Costacurta: Sim, houveram tempos difíceis. Mas se você é um jogador internacional, sabe que precisa encarar as derrotas da mesma forma que encara as vitórias. Tem que abordar ambas com um certo distanciamento. Não se pode ficar eufórico demais ao vencer, e, da mesma forma, quando se perde uma final, não pode deixar que isso te destrua.
Sofascore: É exatamente sobre isso que eu queria falar. Imagino que, quando te entrevistam, geralmente começam falando dos grandes sucessos. Mas eu resolvi seguir o caminho inverso.
Costacurta: Tudo bem, claro.
Final da Copa de 1994: Um Momento Difícil que Ensinou Resiliência
Sofascore: Quero começar com um dos momentos mais difíceis da sua carreira: a final da Copa do Mundo de 1994, quando você e a Itália foram derrotados nos pênaltis pelo Brasil. Esse foi um dos períodos mais duros da sua trajetória? E como você superou? Acredito que a geração mais jovem que nos assiste pode aprender muito com uma lenda como você.
Costacurta: Sabe, não foi algo tão terrível. Coisas assim podem acontecer ao longo de uma carreira. Quando se vence, é incrível, mas é preciso manter a calma. Um dia você é um perdedor, no outro é um grande jogador. Manter esse distanciamento emocional é a chave para seguir tranquilo durante toda a carreira.
Sofascore: Mas você recebeu dois cartões amarelos naquele torneio e não pôde jogar a final. Isso tornou tudo ainda mais difícil?
Costacurta: Você não se lembra das coisas do mesmo jeito. Foi o mesmo na final da Champions League de 1994, um mês antes. Eu sou um recordista em cartões amarelos. Levei um contra a Bulgária, do Stoichkov. Mas não é algo que me persegue. Em cada partida, lutamos com tudo. Você não pensa “se eu tomar cartão, perco a final”. Você se concentra no jogo do momento. Se perde a final, paciência. Você dá 100% pela sua equipe. Agora, um vermelho é outra coisa. Mas um amarelo, só um amarelo — não. Pra mim, tudo bem.
Sofascore: A gente, inclusive, preparou alguns gráficos da Sofascore para mostrar ao nosso público o quão impressionante foi seu desempenho na Copa de 1994. Você foi driblado apenas duas vezes em todo o torneio — uma média de 0,3 por jogo. E se passarmos para o próximo dado, vemos que seu grande amigo e um dos seus companheiros mais famosos, Paolo Maldini, foi driblado quatro vezes — 0,6 por jogo.
Costacurta: Mas ele mudou de posição, né? Da lateral para o centro.
Sofascore: Sim, exatamente. Então… já passou pela sua cabeça: “Se eu, Alessandro Costacurta, tivesse jogado aquela final, a Itália teria vencido”?
Costacurta: A atuação do Franco Baresi, pra mim, foi a melhor que já vi com meus próprios olhos. Foi incrível, ainda mais porque ele voltou de lesão. Tive muitos companheiros incríveis, fenomenais, mas algo como o que o Franco fez naquela final… foi sensacional. Pra mim, a melhor atuação de todas. Então, mesmo com Bebeto e Romário, acho que talvez ainda teria sido 1 a 0 para o Brasil.
Brilho, Dor e a Pressão de um Pênalti
Sofascore: Ainda assim, são estatísticas impressionantes. Mas claro, ao falar da Copa do Mundo de 1994, não tem como evitar o nome de Roberto Baggio. Ele jogou incrivelmente durante todo o torneio, provavelmente foi o melhor jogador daquela Copa, mas a maioria das pessoas — especialmente os mais jovens — lembra mesmo é do pênalti perdido. Como ele estava naquele dia? Você consegue nos contar um pouco sobre como ele estava emocionalmente?
Costacurta: O Roberto ganhou a Bola de Ouro em 1993. Mas durante a Copa, ele recebeu algumas críticas de jornalistas, do Arrigo Sacchi… eles não eram tão próximos. Então, depois do pênalti, ele ficou devastado. E antes da final, ele já estava com uma pequena lesão. Tentou melhorar fisicamente, mas não estava em perfeitas condições. Na minha opinião, esse foi um dos motivos pelos quais não vencemos. Com um Roberto Baggio 100% em forma, acho que as coisas poderiam ter sido diferentes.
Sofascore: Sim, vocês teriam vencido.
Costacurta: Sim. Mas isso faz parte da nossa carreira. Com um pouco de distanciamento emocional, você começa a enxergar tudo de outra forma.
Sofascore: E naquele mesmo ano, apenas um mês antes da final da Copa, você também ficou fora da final da Champions League por suspensão. Foi aquela vitória fantástica por 4 a 0 sobre o Barcelona. Pensando bem, aquela final teve um desfecho muito melhor que o da Copa, né? Um dos melhores jogos do Milan de todos os tempos.
Costacurta: De todos os tempos. Se você perguntar a qualquer torcedor do Milan. Mas pra mim, foi mais fácil. Com o Milan, chegar à final da Champions era algo que já era comum. Então, perder uma vez não era tão terrível. Já com a seleção, era diferente.
4 a 0 Contra o Barcelona de Cruyff: A Noite que Ninguém Esperava
Sofascore: Você disputou cinco finais de Copa dos Campeões ou Champions League em apenas sete anos. Isso é impressionante. Mas falaremos mais disso daqui a pouco. Agora, me deixe perguntar — naquela final de 1994, do outro lado estavam jogadores como Romário, Stoichkov, Koeman, o jovem Pep Guardiola e Johan Cruyff no banco. Ninguém esperava que o Milan vencesse — muito menos por 4 a 0.
Costacurta: Sim, mas nós sempre acreditamos que éramos melhores do que eles. Mesmo sem o Costacurta e o Baresi, o time inteiro acreditava que podia vencer.
Sofascore: Você venceu cinco títulos da Champions League. Tem algum que se destaca pra você? Algum que tenha mais significado que os outros?
Costacurta: O primeiro. O primeiro foi especial. Tantos torcedores do Milan foram até Barcelona. Na época, o Steaua Bucareste também estava lá — isso foi dois ou três meses depois do Ceaușescu ter sido morto. Todos os torcedores, todos na mesma cidade, no mesmo estádio. Aquela emoção, como jogador, foi a melhor.
Sofascore: Obrigado por enquanto. É claro que ainda temos muitas partidas históricas e memórias pra relembrar, mas agora vamos começar oficialmente a primeira seção da nossa entrevista.
Costacurta: Tudo bem.
Notas Sofascore: Costacurta se Avalia
Sofascore: Preparamos 12 categorias do futebol, e queremos que você se avalie em cada uma delas. É a nossa clássica nota Sofascore: de 3 a 10.
Costacurta: Tudo bem.
Sofascore: Vamos começar com velocidade.
Costacurta: Oito. Acho que oito está bom.
Sofascore: Ok. Mais tarde, vamos pedir pra você citar o melhor jogador em cada categoria também, mas por enquanto: quem era o mais rápido entre seus companheiros no Milan?
Costacurta: Maldini. Ele era o melhor em várias categorias, mas em velocidade, com certeza.
Sofascore: Próxima categoria: resistência física.
Costacurta: Sete vírgula três. Vamos com isso.
Sofascore: Melhor do Milan?
Costacurta: Baresi. Acho que Baresi.
Sofascore: Agora vamos para técnica. Você era um defensor com muita habilidade.
Costacurta: Seis vírgula nove.
Sofascore: Não! Pelo menos dá um sete.
Costacurta: Ok. No começo da carreira, talvez menos. Mais pro fim, sete vírgula cinco.
Sofascore: Pra um defensor, você tinha muita qualidade com a bola. Quem tinha a melhor técnica?
Costacurta: Marco van Basten. Canhota, direita, cabeceio, controle de bola — tudo.
Sofascore: Pena pela lesão dele…
Costacurta: Sim. Lembro do primeiro dia do Zvonimir Boban no Milan. No fim do treino, toda bola que o Boban cruzava pro Van Basten virava gol. Ele marcava com cada toque. Um dos melhores treinos da minha vida. Cada cruzamento — gol. Inacreditável.
Sofascore: Vocês ainda se falam?
Costacurta: Sim, falei com o Boban há uma semana. Ele ainda lembra daquele dia.
Sofascore: Ok, vamos para visão de jogo.
Costacurta: Nove. Uma das minhas melhores qualidades. Eu sabia abrir o jogo, distribuir bem.
Sofascore: E o melhor companheiro nesse quesito?
Costacurta: Eu!
Sofascore: Passe longo?
Costacurta: No fim da minha carreira, sete vírgula sete. E o melhor que tive como companheiro foi o Pirlo. Concorda?
Sofascore: Sim, mas também Seedorf, Boban… você teve grandes colegas, é difícil escolher, mas eu diria que — Pirlo era um maestro.
Costacurta: Sim, sem dúvida.
Sofascore: Próxima categoria — desarme.
Costacurta: Oito.
Sofascore: Melhor desarmando?
Costacurta: Maldini ou Baresi.
Sofascore: Você está sendo modesto com esse oito…
Costacurta: Depende do jogo!
Sofascore: Posicionamento — onde sua inteligência realmente se destacava.
Costacurta: Oito vírgula cinco.
Sofascore: O melhor no posicionamento?
Costacurta: Baresi.
Sofascore: Agora, jogo aéreo — importante pra um defensor.
Costacurta: Eu não era ótimo. Sete vírgula cinco.
Sofascore: Melhor no alto?
Costacurta: Nesta. Ele era fantástico nos duelos aéreos.
Sofascore: Vamos para cruzamentos. Você às vezes jogava como lateral-direito. Começou nessa posição na final da Champions contra a Juventus.
Costacurta: Sim, e ganhei o título jogando na lateral-esquerda no ano seguinte. Cruzamentos — sete.
Sofascore: Melhor cruzador?
Costacurta: Cafu. Um dos melhores de todos os tempos. Talvez o melhor. Também o Zambrotta.
Sofascore: Agora vamos para finalização.
Costacurta: Como defensor? Seis. Talvez seis vírgula cinco. Marquei cinco gols, alguns bem bonitos.
Sofascore: Sim, teve um gol de fora da área contra a Roma…
Costacurta: Sim. Talvez até melhor que o contra a Juventus!
Sofascore: Melhor finalizador?
Costacurta: Shevchenko, Van Basten, Inzaghi, Weah, Crespo. Fantásticos. Também o Kaká — ele encontrava o ângulo com facilidade.
Sofascore: Próxima categoria: potência no chute.
Costacurta: Seis. Talvez seis vírgula quatro. Vamos diminuir um pouco essa nota!
Sofascore: E o chute mais potente?
Costacurta: Seedorf. Também o Savicevic tinha muita força. Mas o Clarence… ele era impressionante.
Sofascore: E a última categoria: precisão no chute.
Costacurta: Sete. Nos treinos, eu não era ruim!
Sofascore: E o companheiro com mais precisão?
Costacurta: Kaká. Também o Boban. Difícil escolher um só — muitos artilheiros incríveis.
Sofascore: Ok, com base nas suas notas, sua média Sofascore ficou em…
Costacurta: 7,55
Sofascore: Está satisfeito com isso?
Costacurta: É por isso que eu sempre sonhei em chegar no 8.0.
Sofascore: Só pra constar — nossos convidados anteriores: Lukas Podolski tirou 8,53. Fabrizio Romano teve 7,67.
Costacurta: Então eu sou o pior!
Sofascore: Quer tentar de novo?
Costacurta: Não, tá bom. Vamos deixar assim.
Reis das Categorias: Os Maiores de Todos os Tempos, Segundo Costacurta
Sofascore: Agora vamos inverter o jogo. Eu digo a categoria, e você diz quem é o melhor jogador de todos os tempos nessa qualidade, na sua opinião.
Costacurta: Tudo bem.
Sofascore: Velocidade?
Costacurta: Mbappé. Ou Ronaldo Fenômeno. Incrível. Eu sempre via ele de costas — correndo longe de mim.
Sofascore: Vamos falar mais dele depois. Próxima — resistência.
Costacurta: Gattuso. Não parava de correr. Mesmo depois do jogo, ele ainda corria de volta para o vestiário!
Sofascore: Técnica?
Costacurta: Maradona. Eu ficava sempre nervoso jogando contra ele. Não só eu — Baresi, Maldini também. Ele era o melhor.
Sofascore: Como era jogar contra ele?
Costacurta: Emocionante. Eu sempre dizia “desculpa, Diego”, depois de fazer falta. Ele respondia: “Não se preocupe. Vai, vai.” Um verdadeiro cavalheiro.
Sofascore: Próxima — visão de jogo.
Costacurta: Messi. Mas também Van Basten. Os dois tinham uma visão incrível.
Sofascore: Passe longo?
Costacurta: Koeman. Ou talvez Matthäus. Vamos educar os mais jovens!
Sofascore: Desarme?
Costacurta: Maldini. O melhor defensor da história do futebol. Tempo perfeito.
Sofascore: Posicionamento?
Costacurta: Gérard. Como meio-campista, ele sempre estava no lugar certo. Como defensor — eu! E o Gérard.
Sofascore: Jogo aéreo?
Costacurta: Gullit. Também Riedle. E Ferrara, Cannavaro — ele não era alto, mas tinha um tempo de salto incrível.
Sofascore: Cruzamento?
Costacurta: Roberto Carlos.
Sofascore: Finalização?
Costacurta: Cristiano Ronaldo.
Sofascore: Potência no chute?
Costacurta: Gullit.
Sofascore: E precisão no chute?
Costacurta: Messi. Melhor que Maradona, melhor que Cristiano nessa qualidade.
Sofascore: O Messi é o melhor jogador de todos os tempos?
Costacurta: Não sei. Talvez o Maradona, um pouquinho melhor. Cristiano também está no páreo. Mas pra mim, o melhor ainda é o Maradona.
Sofascore: Deixamos uma categoria de fora: drible. Só não queríamos te dar uma nota baixa. Quem foi o melhor de todos os tempos?
Costacurta: Maradona e Messi. No Milan — Kaká.
Sofascore: Se você pudesse escolher um defensor atual para jogar no seu Milan, quem seria?
Costacurta: Van Dijk. Ele é o melhor defensor hoje.
Hora do Quiz: Paolo, Batistuta, Ancelotti e as Histórias por Trás das Estatísticas
Sofascore: Então, Sr. Costacurta, chegamos ao nosso quiz. É sobre você, sua carreira, seus companheiros de time e até alguns adversários. Para cada pergunta, você receberá três pistas. A primeira é difícil, a segunda é mais fácil, e a terceira — se ainda precisar — entrega a resposta. Pronto?
Costacurta: Vamos lá.
Sofascore: Primeira pergunta: seu último jogo na carreira foi contra a Udinese. O jogador que estamos procurando também enfrentou a Udinese, mas no primeiro jogo da carreira. Consegue adivinhar?
Costacurta: Não… ainda não.
Sofascore: Segunda pista: vocês dois jogaram juntos 550 partidas. Isso dá 44.680 minutos. Basicamente, um mês inteiro em campo sem parar.
Costacurta: O melhor — Paolo Maldini.
Sofascore: Correto. Fala um pouco sobre sua conexão e amizade com ele. Todos já sabem o quão incrível ele foi como jogador, mas como era o Paolo como pessoa?
Costacurta: Um cara fantástico. Sempre focado — dentro e fora de campo. Família em primeiro lugar. Sempre fazia tudo do jeito certo. Nunca conheci ninguém como ele. Foi a melhor pessoa que conheci na vida.
Sofascore: Se você olhar para a tela, verá o que o Paolo disse sobre você:
“Costacurta era mais do que um companheiro de time, era um líder. Sua liderança era silenciosa, mas firme. Sua calma nos momentos difíceis me ajudava a relaxar. Nós nos completávamos em campo.”
Costacurta: Que bom ouvir isso.
Sofascore: Ele disse que você nunca perdia a cabeça.
Costacurta: Não, não, não. Isso não é verdade. Eu perdi a cabeça muitas vezes, o Paolo nunca. Ele nunca brigou com um companheiro. Eu já briguei.
Sofascore: Nem depois de derrotas? Como na final da Champions de 2005 contra o Liverpool, quando o Milan perdeu depois de estar vencendo por 3 a 0?
Costacurta: Lembro do que ele disse: “Não se preocupem. Da próxima vez vamos enfrentar o Liverpool de novo — e vamos ganhar.” E ganhamos. Não no ano seguinte, mas dois anos depois. Ele falou: “Eu disse que isso ia acontecer.”
Sofascore: Vamos voltar rapidamente àquela final de 2005. Já se passaram quase 20 anos. O que aconteceu naquela noite?
Costacurta: A gente não sabe. Aconteceu algo, talvez tenha dado errado alguma coisa no vestiário no intervalo. O Carlo Ancelotti nos avisou: “Cuidado no primeiro minuto do segundo tempo.” Mas aí… não sabemos. Não tem explicação concreta. O Liverpool tinha qualidade. Mas algo deu errado com a gente.
Sofascore: Próxima pergunta do quiz. Contra um desses jogadores, você jogou sete vezes e venceu apenas uma. Ele venceu duas e marcou três gols contra você. Contra o outro, você jogou 13 vezes, venceu seis, ele venceu cinco, e ele marcou seis gols contra seu time. Quem são esses dois jogadores?
Costacurta: O primeiro… pode ser o Ronaldo?
Sofascore: Sim! Ronaldo é um deles. Precisa de mais pistas para o segundo?
Costacurta: Sim, por favor.
Sofascore: Segunda pista: você enfrentou os dois no Derby della Madonnina. Um vestia a camisa 9, o outro a 19.
Costacurta: Hmm… Adriano?
Sofascore: Não. Última pista: você jogou com os dois em uma partida entre os melhores da Europa contra os melhores do mundo. Ambos marcaram dois gols.
Costacurta: Batistuta!
Sofascore: Correto. Como era enfrentá-lo?
Costacurta: Ele tinha muita qualidade. Rápido, forte, técnico, ótimo no desarme também. Marcava gols incríveis. O Capello uma vez disse que o Batistuta era um finalizador puro melhor que o Ronaldo Fenômeno. Eu concordo.
Sofascore: Vamos para a terceira pessoa que estamos procurando. Ele conquistou 13 títulos importantes como jogador. Um deles foi um Scudetto com a Roma. Algum palpite?
Costacurta: Hmm… ainda não.
Sofascore: Segunda pista: depois, ele jogou com você no Milan. Vocês atuaram juntos em 94 partidas. Entre os meio-campistas, ele é o sétimo com quem você mais jogou.
Costacurta: Ah, Carlo Ancelotti!
Sofascore: Correto. Você ainda pensa nele como técnico, né?
Costacurta: Sim, esqueci que ele foi meu companheiro! Desculpa, Carlo.
Sofascore: Ele é o recordista com cinco títulos de Champions League como técnico. Único treinador a vencer os cinco grandes campeonatos europeus. Mas como ele era como companheiro?
Costacurta: Muito engraçado. Sempre fazendo piadas, o Carlo era o palhaço do grupo. Sempre aliviava o ambiente. Um companheiro perfeito.
Sofascore: E quando ele virou seu treinador?
Costacurta: Continuava engraçado. Mas o cargo muda a pessoa. Você precisa agir diferente. Ele tinha uma empatia incrível com os jogadores. Por isso ganhou 31 títulos importantes. Cinco Champions. É absurdo.
Sofascore: Como foi quando seu companheiro de time virou seu técnico?
Costacurta: A gente sempre o chamava de “Carlo”. No começo foi estranho. A gente não dizia “Mister”. Mas ele sabia que podíamos ajudá-lo com o grupo. Eu e o Paolo éramos próximos dele. Quando ele se irritava, era diferente com a gente.
Sofascore: Qual é o segredo dele?
Costacurta: Ele entende os jogadores perfeitamente. Sabe o que eles querem.
O Segredo da Lendária Linha de Defesa do Milan
Sofascore: Vamos falar agora daquele trio holandês: Van Basten, Rijkaard, Gullit. Quão bons eles eram?
Costacurta: Incríveis. Dominantes fisicamente. Brilhantes tecnicamente. Os três eram fortes, habilidosos, inteligentes. E muito amigos — sempre jantavam juntos.
Sofascore: E claro, temos que falar da lendária linha de defesa do Milan: Tassotti, Baresi, Costacurta, Maldini. Talvez a melhor da história? Em uma temporada, vocês sofreram apenas 15 gols em toda a Serie A e tiveram 22 jogos sem sofrer gols. Como isso é possível?
Costacurta: Treinamento. Sempre treinando. E não esqueça — o Van Basten era nosso primeiro defensor. Ele pressionava como uma máquina. O time todo defendia. Mas aquela linha de quatro tinha uma química real. Todos crescemos na mesma base. Sabíamos as fraquezas uns dos outros. O Baresi sabia que eu era agressivo, então sempre me cobria.
Sofascore: Então essa conexão foi construída ao longo do tempo?
Costacurta: Sim. Em todo treino, passávamos uma hora só nos movimentos defensivos. Em todos os treinos. É por isso que as pessoas dizem que fomos a melhor linha de defesa da história. Talvez tenhamos sido mesmo.
Bastidores: Piadeiros, Festeiros e os Piores Looks
Sofascore: Agora, Sr. Costacurta, temos aqui nosso painel — provavelmente uma das partes mais divertidas da entrevista. Temos algumas descrições, e você vai associar a pessoa certa. Você não sabe quais nomes vêm aí!
Costacurta: Vamos lá.
Sofascore: Primeiro nome — Pippo Inzaghi. Escolha algo para ele.
Costacurta: Pior gosto musical.
Sofascore: Que tipo de música ele ouvia?
Costacurta: Italiana. Coisa antiga. Sempre as mesmas músicas.
Sofascore: Outro adjetivo?
Costacurta: Piadeiro. Sem dúvida. Depois do jantar, nas concentrações, sempre fazia todo mundo rir.
Sofascore: Alguém já ficou bravo com ele?
Costacurta: Não. Mas… odiava perder. Detestava. Até em jogos de cartas. Talvez por isso tenha sido um campeão.
Sofascore: Mais alguma?
Costacurta: Já está ótimo!
Sofascore: Próximo — Kaká.
Costacurta: Rei da caneta. Todos os brasileiros.
Sofascore: Ele sempre me pareceu um cara tranquilo.
Costacurta: Sim, ele era sim.
Sofascore: Mais alguma?
Costacurta: Melhor cabelo! Sempre impecável.
Sofascore: Agora — Roberto Baggio.
Costacurta: Viciado em doces. Sempre com doces.
Sofascore: Mais alguma coisa?
Costacurta: Nunca satisfeito — mas no bom sentido. E o melhor cantor.
Sofascore: Sério?
Costacurta: Sim, ele e o Ancelotti. Os melhores que já vi cantando. Boa voz. Conhecido na Itália por cantar.
Sofascore: E como capitão?
Costacurta: Sim. Na Juventus, ele foi um grande capitão.
Sofascore: Último nome — Andriy Shevchenko.
Costacurta: Pior estilo. Mas só no primeiro mês! Depois conheceu o Armani…
Sofascore: Então ele evoluiu?
Costacurta: Sim. Depois disso, passou a se vestir muito bem. E também — valente. E treinava o tempo todo, 24 horas por dia. Sempre dedicado.
Sofascore: Mais alguma?
Costacurta: No primeiro ano — rei das fofocas! Era um cara quieto, mas no centro das atenções com as mulheres. Muitas queriam conhecê-lo!
Sofascore: Quem era o durão?
Costacurta: Eu.
Sofascore: Festeiro?
Costacurta: Gattuso. Ele corria… e festejava com a mesma intensidade.
Sofascore: Futuro treinador?
Costacurta: Carlo Ancelotti.
Sofascore: E esse aqui — Adora bater falta. Ou seja, gosta de achar que é bom nisso, mas na prática…
Costacurta: Clarence Seedorf! O pior! Incrível em tudo — mas pênaltis e faltas, era péssimo.
Sofascore: Talvez agora o Seedorf ligue pra gente e diga: “Me chamem pra entrevista e coloquem o Costacurta no painel!”
Costacurta: Mas é verdade! Ele sempre achava que era melhor. Mas não era.
Sofascore: Amante de perfume?
Costacurta: Marco Borriello.
Sofascore: Melhor estilo?
Costacurta: Billy (eu), mas também Zvonimir Boban! Depois de dois anos, virou um cara muito bem vestido.
Sofascore: Sempre com sono?
Costacurta: Frank Rijkaard. Sempre.
Um Adeus de Pênalti: O Final Emocionante de uma Carreira Lendária
Sofascore: Agora vamos falar sobre seu último jogo como profissional. Você jogou contra a Udinese, marcou um gol de pênalti e, após a partida, todos os seus companheiros entraram em campo vestindo a sua camisa. Quão especial foi aquilo?
Costacurta: O melhor dia da minha vida profissional. Tudo foi uma surpresa. Eu não sabia do pênalti.
Sofascore: Quem te disse para bater?
Costacurta: O Carlo. Ele disse: “Alessandro, você vai bater.” Eu não estava nervoso, já estava acostumado com pênaltis. Mas foi estranho. Hoje, quando vejo o vídeo, fico um pouco triste. Mas naquele dia, foi lindo. Todos os torcedores, todos os jogadores… inesquecível.
Sofascore: E o que o Milan significa pra você? Mas não pode usar a palavra “amor”.
Costacurta: Naquela época, o Milan era o melhor time do mundo. A cidade era uma das melhores do mundo. Meus companheiros — os melhores do mundo. Pra mim — tudo!
O Milan Atual: O Que o Clube Tem — e o Que Perdeu
Sofascore: Hoje, o Milan está longe daquele nível. O que você acha disso?
Costacurta: O clube perdeu muito quando perdeu o Paolo Maldini na direção. Foi uma perda grande demais.
Sofascore: E o que você acha da nova função do Ibrahimović no clube?
Costacurta: Ele está evoluindo. Não o conheço bem pessoalmente. Pode ser um cara legal. Mas o primeiro erro do Maldini — escolher o Marco Giampaolo como técnico — ele aprendeu com aquilo. O Zlatan também pode aprender.
Inter no Comando, Lautaro no Topo: A Opinião de Costacurta sobre a Serie A 2024/25
Sofascore: Vamos falar desta temporada atual da Serie A. Parece que Inter e Napoli são os únicos dois times realmente brigando pelo Scudetto, enquanto talvez outros seis ou sete — incluindo o Milan — disputam vagas na Champions League. Como você acha que isso tudo termina?
Costacurta: Pra mim, a Inter é o melhor time da Itália. Se não for longe demais na Champions League. Mas mesmo na Europa, eles podem ir longe. A Inter é a favorita.
Sofascore: E quando falamos desta temporada da Serie A, também temos o prêmio Sofascore Player of the Season. Aqui estão os cinco primeiros colocados no momento:
- Mattia Zaccagni (Lazio)
- Marcus Thuram (Inter)
- Vanja Milinković-Savić (Torino, goleiro)
- Federico Dimarco (Inter)
- Ademola Lookman (Atalanta)
Quem você acha que foi o melhor até agora? E quem pode vencer?
Costacurta: O melhor jogador da Itália hoje é o Lautaro Martínez. Só existem dois jogadores na Serie A que poderiam jogar nos melhores times da Europa: Lautaro e Barella.
Sofascore: E quem pode vencer o nosso prêmio?
Costacurta: Para mim, o Thuram. Ele pode ganhar o prêmio de vocês.
O Escolhido de Costacurta para o Próximo A Guest and a Half
Sofascore: E agora, para encerrar, o último bloco. Sempre terminamos com isso. Se você pudesse indicar alguém para ocupar seu lugar na próxima entrevista do A Guest and a Half, quem seria?
Costacurta: Pippo Inzaghi.
Sofascore: Você poderia nos ajudar a entrar em contato?
Costacurta: Claro. Ele é divertido, ótimo em entrevistas, cheio de memórias. O Maldini e o Pippo Inzaghi são jogadores com muitas histórias pra contar.
Sofascore: Você acha que eles gostariam desse tipo de entrevista?
Costacurta: O Pippo adoraria esse formato. Vou ajudar vocês a chegar até eles.
Sofascore: Está nos recomendando oficialmente?
Costacurta: Sim.
Sofascore: Signore Costacurta, foi realmente um prazer. Muito obrigado mais uma vez pelo seu tempo. Desejamos tudo de melhor para você.
Costacurta: Grazie. Obrigado. Muito obrigado mesmo.