Ponta no Futebol – Dando Amplitude e Cortando para o Meio

No futebol, o ponta é o especialista ofensivo cuja função evoluiu ao longo dos anos. Originalmente fixo nas laterais do campo, o ponta tradicional tinha uma missão simples: correr pela linha lateral, vencer o marcador na velocidade e no controle da bola, e cruzar com qualidade para os atacantes dentro da área. Hoje, embora essas funções ainda sejam relevantes, o ponta moderno acumula tarefas voltadas para finalização e criação. Ele não atua apenas aberto pelas pontas, mas também corta para o meio, finaliza e até organiza jogadas.

Neste artigo, vamos entender o que é um ponta, desde os papéis clássicos até a evolução tática da posição nos dias de hoje.

A Função Tradicional do Ponta

O ponta é geralmente um meio-campista ou atacante que atua aberto pelas laterais do campo. Sua função principal é abrir espaço, esticar a defesa adversária e levar a bola à área. Ao puxar os laterais adversários para fora de posição, o ponta criava espaços para os atacantes centrais atuarem com mais liberdade.

Na formação tradicional, destros jogavam na direita e canhotos na esquerda. Isso favorecia a corrida em linha reta até o fundo e o cruzamento com o pé dominante. Entre as principais características dos pontas clássicos estavam:

  • Velocidade – Para vencer os marcadores na corrida.
  • Drible – Para superar defensores em confrontos um contra um.
  • Cruzamento – Para colocar a bola com precisão na área.

Lendas como Stanley Matthews e Ryan Giggs são grandes exemplos do ponta tradicional. Eles atuavam colados à linha lateral, driblavam com facilidade e abasteciam os atacantes com cruzamentos constantes.

Ryan Giggs

Principais Qualidades de um Ponta

Seja no papel clássico ou moderno, um bom ponta precisa reunir algumas qualidades essenciais:

Habilidade no Drible
Driblar é fundamental para um ponta. Como muitas vezes ele se encontra em situações de um contra um, precisa ter controle da bola em espaços curtos e a capacidade de superar marcadores. Mudanças rápidas de direção, pedaladas e fintas fazem parte do repertório.

Velocidade e Aceleração
A posição exige explosão em curtas distâncias e velocidade máxima para conduzir a bola em campo aberto. Um jogador veloz pode aproveitar espaços criados e explorar defesas cansadas no fim da partida.

Precisão nos Cruzamentos
O cruzamento é o “produto final” clássico do ponta. Um bom cruzamento pode gerar finalizações fáceis, cabeceios ou rebotes perigosos. Alguns preferem cruzamentos altos com efeito, outros optam por passes rasteiros e recuados.

Fôlego e Dedicação Tática
O ponta percorre muitos metros durante uma partida. Ele precisa recuar para ajudar na marcação e, em seguida, avançar com velocidade nos contra-ataques. Resistência física e disciplina tática são fundamentais.

A Evolução: De Abrir o Campo a Cortar para o Meio

O ponta moderno vai além da linha lateral. Muitos técnicos passaram a utilizar pontas invertidos — canhotos na direita e destros na esquerda — para que eles possam cortar para dentro e finalizar com o pé mais forte ou encontrar passes por dentro. Essa mudança fez com que os pontas se tornassem ameaças diretas ao gol.

Arjen Robben

Um grande exemplo é Arjen Robben, ponta canhoto que atuava pela direita e ficou conhecido por cortar para o meio e finalizar com precisão no canto oposto. Mohamed Salah e Riyad Mahrez são outros exemplos atuais: pontas invertidos que atacam por dentro e marcam muitos gols.

Hoje, o ponta não é mais apenas um “aberto” no campo. Ele é finalizador, armador e peça ativa na pressão ofensiva. É a mistura entre explosão, inteligência tática e instinto de gol — um jogador essencial no futebol moderno.

Riyadh Mahrez

Variações Táticas e Responsabilidades

1. Pontas Invertidos
Esses jogadores atuam no lado oposto ao do seu pé dominante. Seu principal objetivo é cortar para dentro e finalizar ou dar o passe decisivo. Pontas invertidos costumam criar superioridade numérica no meio-campo e fazem infiltrações centrais que confundem os defensores.

2. Pontas de Linha (Touchline Wingers)
Ainda utilizados em alguns sistemas, esses pontas atuam bem abertos para manter a largura e esticar a defesa adversária. São especialmente úteis contra times que se defendem em bloco baixo e com muitos jogadores. A precisão no cruzamento é essencial para quebrar essas linhas compactas.

3. Pontas-Atacantes (Inside Forwards)
Esse papel é uma versão mais ofensiva do ponta invertido. Os jogadores começam abertos, mas cortam tanto para o centro que acabam atuando como segundos atacantes. Cristiano Ronaldo, nos primeiros anos no Real Madrid, muitas vezes cumpriu essa função, marcando regularmente partindo das laterais.

4. Responsabilidades Defensivas
O futebol moderno exige que os pontas também defendam. Pressionar alto, recompor na marcação e ajudar os laterais são hoje partes do trabalho. Um ponta que não defende pode deixar o time vulnerável, especialmente contra laterais ofensivos.

Pontas Famosos e Seus Estilos

Cristiano Ronaldo (Manchester United, Real Madrid, Portugal)
Inicialmente um ponta tradicional, Ronaldo evoluiu para uma máquina de gols cortando da esquerda para o centro. Sua velocidade, drible e finalização o tornaram um dos pontas mais letais da história.

Cristiano Ronaldo, Manchester United

Lionel Messi (Barcelona, Argentina)
Embora muitas vezes rotulado como atacante ou armador, Messi passou boa parte do início da carreira como ponta-direita. Como ponta invertido, combinou drible, visão e finalização com enorme eficácia.

Lionel Messi, Barcelona

Sadio Mané e Mohamed Salah (Liverpool)
Sob o comando de Jürgen Klopp, ambos atuaram como pontas invertidos. Salah, especialmente, se destacou como artilheiro ao cortar da direita para finalizar com o pé esquerdo.

Mohamed Salah

Heung-Min Son (Tottenham Hotspur)
Son atua em ambos os lados do campo e combina velocidade com ótima finalização. Sua habilidade de infiltrar pelo centro o torna um exemplo clássico do ponta moderno.

Heung-Min Son

Pontas em Diferentes Formações

O papel dos pontas varia conforme o esquema da equipe:

4-3-3 – Os pontas atuam como atacantes abertos, compondo o trio ofensivo. Esse sistema dá liberdade para atacar, mas exige também pressão e cobertura de espaço.

4-2-3-1 – Aqui, os pontas jogam atrás do centroavante e precisam se conectar com o meia central. Frequentemente trocam de lado ou cortam para dentro para criar jogadas em espaços curtos.

3-4-3 ou 3-5-2 – Nesses esquemas, os alas fornecem a amplitude, e os pontas atuam mais como segundos atacantes ou pontas-atacantes.

O Futuro da Posição de Ponta

À medida que a tática no futebol continua a evoluir, o papel do ponta também se transforma. Com mais ênfase na fluidez e rotação de posições, os pontas de hoje precisam ser multifuncionais. Devem atacar, defender, criar e finalizar — tudo com inteligência e leitura de jogo, com e sem a bola.

As academias de base agora treinam pontas não só para jogar abertos, mas também para finalizar, passar sob pressão e se posicionar defensivamente. O resultado é uma nova geração de pontas rápidos, criativos e letais diante do gol.

O ponta segue sendo uma das posições mais empolgantes do futebol. Seja abrindo o campo ou cortando para finalizar, eles trazem imprevisibilidade, criatividade e gols. Com a evolução das exigências do jogo, evoluem também as habilidades e responsabilidades do ponta moderno. Mas no centro de tudo, a missão segue a mesma — vencer marcadores, criar chances e impactar o jogo. Sejam os cruzadores à moda antiga ou os finalizadores do presente, os pontas continuam eletrizando os torcedores e decidindo partidas mundo afora.