Neymar sempre foi pauta obrigatória nas convocações da Seleção Brasileira. Seja por presença confirmada ou ausência polêmica, o camisa 10 do Santos esteve constantemente no centro das atenções. Mesmo quando ainda era apenas uma promessa, sua exclusão da lista para a Copa do Mundo de 2010 gerou críticas intensas ao técnico Dunga.
E, desde então, o nome do craque sempre foi falado em toda e qualquer convocação. Seja quando era chamado de fato. Ou até mesmo nos períodos extensos afastado por lesões, quando técnicos e médicos eram questionados sobre sua saúde. Mas algo mudou.
No último dia 1º de outubro, durante o anúncio da lista para os amistosos na Ásia, o técnico Carlo Ancelotti não foi sequer perguntado sobre Neymar. Nenhuma menção. Nenhuma dúvida. Nenhuma expectativa.
Esse “esquecimento” seria o fim do ciclo de Neymar com a Amarelinha a menos de um ano do Mundial de 2026?

A resposta imediata, e quase óbvia, é não. Aos 33 anos, Neymar ainda é peça técnica valiosa para o Brasil. Mesmo com nomes como Vinícius Junior e Raphinha ganhando protagonismo, ter Neymar no elenco é um diferencial que nenhuma seleção do mundo ignoraria.
Sua experiência, visão de jogo e capacidade de desequilibrar continuam sendo ativos preciosos em uma competição de alto nível como a Copa do Mundo.
Dois anos fora da seleção brasileira
No entanto, são dois anos longe da seleção brasileira. Nesse significativo período, foram dois técnicos que passaram (Fernando Diniz e Dorival Junior) sem ter chance de contar efetivamente com um dos maiores craques sul-americanos do século 21.
O principal motivo para esse hiato, claro, foi a grave lesão sofrida justamente no último compromisso pelo Brasil: ruptura do ligamento cruzado do joelho durante uma derrota de 2 a 0 para o Uruguai, em Montevidéu, em 17 de outubro de 2023.
Foi o problema médico mais sério da carreira de Neymar, que ficou longe dos gramados por mais de um ano. E após quase não jogar pelo Al-Hilal (frustrando um projeto ambicioso do governo da Arábia Saudita), acertou seu retorno ao Santos em janeiro de 2025.

Lesionado, Neymar ficou fora da primeira lista do recém-contratado técnico italiano Carlo Ancelotti, divulgada quatro meses depois do retorno do atacante ao Peixe. Na segunda, em agosto, o treinador até poderia tê-lo chamado. Mas alegou que fisicamente o jogador não reunia boas condições e que não precisaria testá-lo por já conhecer suas qualidades.
No mesmo dia dessa segunda convocação, Neymar atuou pelo Santos em um jogo contra o Fluminense e questionou a opção de Ancelotti.
“Acho que fiquei fora por opção técnica mesmo. Não tem nada a ver de condição física. É a opinião do treinador e eu respeito”, disse o atacante, sem querer criar polêmicas, ao site ge.globo.
Neymar: 33 lesões nos últimos 10 anos
A última vez que o Carleto citou o jogador foi na segunda quinzena de setembro em uma entrevista ao jornal francês “L’Equipe”, dizendo que conta com ele para a Copa do Mundo dos Estados Unidos, México e Canadá. E voltou a frisar a importância da forma física.
“Uma seleção precisa reunir os jogadores mais talentosos. Mas um jogador talentoso também precisa estar em forma física. Ele precisa estar 100%, não 80%. O Neymar está melhorando sua condição. Ele é, sem dúvida, o jogador brasileiro mais talentoso. Ele pode participar da Copa se estiver em plena forma física. Do ponto de vista técnico não tem o que falar”, disse Ancelotti.

E não é de se estranhar a preocupação do treinador: nos últimos 10 anos, foram 33 lesões que tiraram Neymar dos gramados. Foram incríveis 1417 dias (quase quatro anos!) fora de combate entre o momento do problema médico e o retorno aos gramados.
Nesse período, Neymar ficou fora de jogos importantes e cruciais do Barcelona, PSG, Al-Hilal e, claro, seleção brasileira. Por exemplo: ele não fez parte da conquista da Copa América de 2019, último título do Brasil com sua equipe principal.

E a última lesão de Neymar aconteceu pouco antes da última convocação na qual ele foi “esquecido”. No dia 18 de setembro, durante um simples treino, sentiu uma lesão na coxa, uma das enfermidades mais comuns na sua carreira.
De acordo com o departamento médico do Santos, Neymar deve voltar aos gramados em novembro para a reta final do Campeonato Brasileiro.
Exemplo em Ronaldo Fenômeno?
A longa ausência de Neymar da seleção brasileira às vésperas de uma Copa do Mundo lembra um caso de um outro craque do país: Ronaldo.
O Fenômeno também viveu um longo período sem atuar com a Amarelinha por questões físicas. Titular absoluto do técnico Vanderlei Luxemburgo, Ronaldo disputou um amistoso contra a Holanda, em 9 de outubro de 1999, e só retornou em 27 de março de 2002, ao ser chamado por Luiz Felipe Scolari para enfrentar a Iugoslávia, antes da Copa daquele ano.

Ronaldo conviveu com duas graves lesões no joelho direito nesse período. A principal delas com rompimento do tendão e dos ligamentos, em abril de 2000. O atacante precisou de mais de um ano para voltar a atuar, pela Internazionale. Aos poucos, já como um dos “galácticos ” do Real Madrid (e de Florentino Perez), recuperou seu espaço na Seleção e foi o herói do pentacampeonato e eleito o melhor jogador do mundo em 2002.
Neymar tem um grande exemplo para se espelhar. E ser uma das peças-chave para Ancelotti fazer o Brasil voltar a ganhar uma Copa do Mundo. Uma taça que não vem justamente desde a mundial do Japão e Coreia do Sul quando Ronaldo brilhou intensamente.